O governo federal admitiu, nesta sexta-feira (22/8), um erro estratégico crucial na formação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará as fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reconheceu publicamente a falha na mobilização da base governista no Congresso Nacional, o que resultou em uma composição desfavorável ao Planalto.
“Nós tivemos um erro de mobilização da nossa base para a CPMI”, declarou a ministra à CNN, sinalizando uma autocrítica sobre a articulação política. Gleisi garantiu que medidas estão sendo tomadas para reorganizar a base governista e consolidar uma maioria favorável dentro da comissão, visando reverter o cenário atual.
A criação da CPMI foi motivada por denúncias graves reveladas pelo Metrópoles, que apontam para um aumento expressivo no faturamento de entidades autorizadas a cobrar mensalidades associativas de aposentados. O valor arrecadado saltou de R$ 544 milhões em 2021 para R$ 2,1 bilhões em 2024, enquanto essas mesmas entidades enfrentavam milhares de processos judiciais.
As investigações internas do INSS, juntamente com as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal (PF) na Operação Sem Desconto, intensificaram a pressão para a criação da CPMI. A lei que permite os descontos diretamente na folha dos aposentados, datada da década de 1990, visava simplificar a relação entre aposentados e entidades, mas tem sido alvo de abusos.
A escolha de Carlos Viana (Podemos-MG) para a presidência e Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) como relator da CPMI representou uma derrota para o governo, que defendia outros nomes. Gleisi Hoffmann ressaltou que a investigação deverá abranger responsabilidades de diferentes períodos, inclusive do governo anterior. “No governo Bolsonaro tivemos muitos problemas, e foi nesse governo que começaram, de fato, os problemas desses descontos ilegais”, afirmou a ministra.
Após o revés inicial na CPMI, Gleisi Hoffmann convocou a base governista no Congresso Nacional para uma reunião de emergência, com o objetivo de alinhar estratégias e garantir maior controle sobre os rumos da investigação.
Fonte: http://www.metropoles.com