Em depoimento explosivo à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, o hacker Walter Delgatti reiterou que a deputada federal Carla Zambelli (PL) foi a mandante da invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo Delgatti, Zambelli exerceu controle direto sobre os crimes, garantindo que ele jamais teria cometido a invasão sem a ordem expressa da parlamentar. A oitiva faz parte do processo que avalia a cassação do mandato de Zambelli, ambos participando da sessão remotamente.
Delgatti detalhou que Zambelli prometeu um emprego para incentivá-lo a cometer o crime e assegurou que assumiria a responsabilidade caso a invasão fosse descoberta. “Ela disse que eu precisaria acessar qualquer sistema. No dia em que ela pediu que eu invadisse, ela disse, que caso eu fosse pego, pode falar que ‘fui eu que mandei’. Ela me deu essa garantia, que responderia por isso”, declarou o hacker, conforme relatado. A declaração reforça a gravidade das acusações contra a deputada.
Ainda segundo Delgatti, foi Zambelli quem aprovou a inclusão de um falso mandado de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no sistema do CNJ. O objetivo seria criar uma narrativa de vulnerabilidade do sistema, alimentando teorias de fraude nas eleições de 2018. Delgatti negou ter se beneficiado ao revelar o esquema e justificou sua confissão como um ato de arrependimento por ter se envolvido com a deputada.
Em contrapartida, Zambelli questionou a credibilidade do depoimento de Delgatti, insinuando possíveis problemas de saúde mental que o levariam a mentir. A deputada indagou sobre o uso de medicamentos controlados e questionou a inserção de outros mandados falsos no sistema, além daquele direcionado a Moraes. A defesa de Zambelli chegou a solicitar a presença de um técnico em credibilidade para avaliar o depoimento de Delgatti.
O processo de cassação de Zambelli segue em andamento na Câmara dos Deputados. Após ser condenada pelo STF a 10 anos de prisão pela invasão ao CNJ e ter o mandato questionado, a deputada aguarda a análise da CCJ e, posteriormente, a votação no plenário da Câmara para a definição final sobre a perda de seu mandato. O relator do caso na CCJ é o deputado federal Diego Garcia (Republicanos-PR), que deverá emitir um parecer a ser votado pelos demais parlamentares.
Fonte: http://www.metropoles.com