O desmatamento na Amazônia voltou a preocupar, com um aumento de 4% nos últimos 12 meses, segundo dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). O período de agosto de 2024 a julho de 2025 registrou 4.495 km² sob alerta, um acréscimo em relação aos 4.321 km² do ano anterior. Os dados são do sistema DETER, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Apesar do aumento na Amazônia, o Cerrado apresentou uma redução de 21% na área sob alerta de desmatamento. O Pantanal também registrou uma queda expressiva de 72% no mesmo período, trazendo um alívio em relação à devastação nesses biomas. Os números, coletados pelo INPE, são cruciais para o monitoramento e fiscalização ambiental.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reconheceu a estabilização do desmatamento na Amazônia, mas enfatizou o compromisso do Brasil em alcançar o desmatamento zero até 2030. “Dentro da margem, podemos dizer que o desmatamento na Amazônia está estabilizado, mas nosso compromisso é o desmatamento zero até 2030”, afirmou a ministra. Ela também alertou que zerar o desmatamento não será suficiente se as emissões de CO2 continuarem elevadas.
Rondônia e Pará se destacaram com quedas de 35% e 21%, respectivamente, nos alertas de desmatamento. Em contrapartida, Mato Grosso apresentou um aumento alarmante de 74%, influenciado pelos incêndios no segundo semestre de 2024. O governo federal tem investido no combate a incêndios florestais, com R$ 405 milhões aprovados pelo Fundo Amazônia.
Entretanto, a aprovação do PL 2159/2021, apelidado de “PL da devastação”, no Congresso Nacional, gera preocupação. A porta-voz do Greenpeace Brasil, Ana Clis Ferreira, alertou que “Será inviável seguir reduzindo o desmatamento com uma política de licenciamento ambiental fragilizada”. O presidente Lula tem até esta sexta-feira para vetar ou sancionar o texto, que é amplamente criticado por fragilizar as regras de licenciamento ambiental no país.
Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, considera os números atuais de desmatamento “inaceitáveis”, mesmo com a redução desde 2023. “A derrubada da Amazônia continua ocorrendo em patamares inaceitáveis, levando a floresta a um ponto de colapso”, disse Astrini. Ele defende que o Brasil tem capacidade de alcançar o desmatamento zero, apesar dos obstáculos políticos e econômicos.
Fonte: http://www.metropoles.com