O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), adotou um tom irônico ao se referir aos documentos encontrados no celular do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). As anotações, que tratam de supostas fraudes nas eleições, foram chamadas de “meu querido diário” pelo magistrado durante o julgamento.
Moraes destacou que Ramagem confirmou a autoria dos documentos e do e-mail utilizado, mas alegou que as anotações eram de cunho pessoal. “O réu Alexandre Ramagem confirmou a titularidade do documento e do e-mail aramagem@yahoo.com, salientando, porém, que as anotações feitas no documento eram só para ele, particulares, ele com ele mesmo. É uma espécie de diário: o meu querido diário”, declarou o ministro.
O ministro também ressaltou a semelhança entre o conteúdo das anotações de Ramagem e as alegações feitas por Jair Bolsonaro em suas transmissões ao vivo. Segundo Moraes, o documento intitulado ‘presidente TSE’ apresentava “vários tópicos e argumentos contrários ao sistema eletrônico e imputando fraudes na Justiça Eleitoral, exatamente idêntico ao que foi dito na live por Jair Bolsonaro”.
Adicionalmente, Moraes mencionou as anotações do ex-ministro Augusto Heleno, classificadas pela PGR como uma “agenda golpista”, as quais, segundo ele, corroboram com as de Ramagem. O ministro considerou que esses elementos demonstram “toda essa estruturação criminosa para atentar contra o Poder Judiciário”.
Vale lembrar que a Primeira Turma do STF retomou o julgamento de Jair Bolsonaro e de seus aliados, investigados por suposta trama golpista com o objetivo de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. Durante seu interrogatório, Ramagem negou ter compartilhado os documentos sobre as urnas, alegando que se tratavam de “informações privadas” e anotações para seu próprio controle.
Fonte: http://www.metropoles.com