Um relatório da Polícia Federal (PF) revelou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realizou 40 saques em dinheiro, totalizando R$ 130,8 mil, entre janeiro e julho deste ano. As operações foram efetuadas em caixas eletrônicos e guichês bancários, conforme aponta a investigação. Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), já foram indiciados por coação no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado.
A PF não se limitou a analisar as movimentações financeiras dos últimos dois anos, mas também a frequência com que o ex-presidente sacava dinheiro em espécie. Os dados, baseados em informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), mostram um padrão regular de retiradas. Se o valor total fosse dividido igualmente entre as 40 transações, cada saque equivaleria a R$ 3.250.
O relatório da PF aponta que, em um dos dias, Bolsonaro realizou um único saque de R$ 1,9 mil. Nos demais dias, o padrão se repetiu: duas retiradas, uma de R$ 3 mil e outra de R$ 2 mil. Embora os investigadores não tenham apontado irregularidades diretas nos saques, eles destacaram a omissão de Bolsonaro em relação a repasses financeiros feitos ao filho Eduardo e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Além dos saques em espécie, a PF identificou uma movimentação total de R$ 44,3 milhões nas contas bancárias de Bolsonaro entre março de 2023 e junho de 2025. O Coaf classificou as transações como “suspeitas de configurarem indícios de lavagem de dinheiro e outros ilícitos penais”, encaminhando os dados para a PF aprofundar a investigação.
Um dos pontos de destaque na investigação é um repasse de R$ 2,1 milhões de Bolsonaro para Eduardo. O pai realizou seis transferências em valores fracionados ao filho durante o ano, totalizando R$ 111 mil. Em 13 de maio, o ex-presidente transferiu R$ 2 milhões ao filho. Em depoimento à PF, no dia 5 de junho, ele confirmou o envio da quantia para “ajudar” o filho e negou tratar-se de financiamento de ato ilegal.
Contudo, os investigadores da PF alegam que Bolsonaro “omitiu informação à Polícia Federal em seu depoimento […] de que teria repassado outros valores a Eduardo”, além dos R$ 2 milhões revelados. Um dia antes de prestar depoimento à PF, Bolsonaro transferiu a mesma quantia (R$ 2 milhões) para a conta bancária da esposa, Michelle Bolsonaro. A corporação aponta que não houve explicação para tal movimentação financeira um dia antes do interrogatório.
Fonte: http://www.metropoles.com
