Prefeitura desapropria imóveis no Centro Históricode Curitiba. Empresários denunciam falta de diálogo

Venda dos imóveis foram acertadas diretamente com proprietários, pegando os inquilinos de “calça curta” e sem alternativas para seguir às atividades em outros pontos

A Prefeitura de Curitiba baixou decreto, sob o número 129/2023, para desapropriação de imóveis no Largo da Ordem, no Centro Histórico, onde estabelecimentos mantém de 10 a 20 anos de atividades ininterruptas, sob o argumento de ampliar o Memorial de Curitiba. A iniciativa surpreendeu a maioria dos empresários do local, que denunciam a falta de diálogo do poder público com a população para apresentar e debater a viabilidade e necessidade do procedimento.

“Os empresários de vários segmentos econômicos, especialmente de gastronomia e entretenimento, estão preocupados com a decisão da Prefeitura de Curitiba em desapropriar imóveis na região para ampliar o Memorial de Curitiba, um local que fica ocioso na maior da parte do tempo, abrindo somente para solenidades, detrimento de empresas que estão muitos anos alguns de 10 a 20 anos”, disse Fábio Aguayo, presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar).

Imagem aérea mostra um dos imóveis que será desapropriado na região do Largo da Ordem, no Centro Histórico de Curitiba Foto: Mapa Central da Prefeitura de Curitiba

“Isso sem falar na geração de emprego que os estabelecimentos proporcionam no município e outras atividades que se complementam, como fluxo de pessoas que circulam na região”, ressaltou. O presidente vê com preocupação o projeto da Prefeitura, para ampliar a estrutura local da Fundação Cultural. “Temos que lembrar que é um importante pólo gastronômico e de entretenimento de Curitiba”, disse.

Fábio Aguayo revelou estranhar que não teve um debate, uma audiência pública para consultar a população sobre estas desapropriações. “Como representantes de classe, estranhamos esta falta de debate da Prefeitura com empresários, com moradores e principalmente com as pessoas que dependem daquele local para sobreviver. A subsistência é importante ali, porque gera muito empregos”.

Área subutilizada e insegurança

O presidente da Abrabar levanta uma série de questionamento, especialmente se o local do Memorial vai ficar ocioso. “Vai ter uma utilidade efetiva para Curitiba? Ou apenas algumas solenidades? É importante isto? O debate agora é urgente? A gente queria que isto fosse mais ampliado esta discussão com a sociedade, com os empresários, com a comunidade do local”, afirmou.

“Nosso posicionamento é sempre por mais e melhores equipamentos culturais públicos e privados. E aumentar os imóveis sem atividades noturnas deixará a região histórica ainda mais desguarnecida e prejudicará os já poucos empreendimentos culturais privados do centro”, ressaltou Aguayo.

Faltou consideração

A Prefeitura de Curitiba negociou diretamente com os donos do imóvel, o que demonstra falta de consideração, de conversar com os inquilinos, prepará-los para buscar outras alternativas, outros pontos. “Pularam esta etapa de procurar eles para informá-los, que foram pegos de ‘calça curta’. Falta de consideração com as pessoas que trabalham e as famílias que estão ali há muito tempo”, disse.

Esta atitude deixou os empresários desprevenidos, despreparados para seguir em frente em outro ponto. “O que se entende é que houve deslealdade e descaso com o trabalho e sonho das pessoas. Ninguém soube como ocorreram estas negociações, as pessoas só receberam as cartas comunicando da desapropriação. O que achamos estranho também é a entidade não participar do debate como representante do setor”, concluiu o presidente da Abrabar.